segunda-feira, 21 de março de 2011

História da Antropologia

A construção do olhar antropológico e seus principais debates. Embora a grande maioria dos autores concorde que a antropologia se tenha definido enquanto disciplina só depois da revolução Iluminista, a partir de um debate mais claro acerca de objeto e método, as origens do saber antropológico remontam à Antiguidade Clássica, atravessando séculos. Enquanto o ser humano pensou sobre si mesmo e sobre sua relação com "o outro", pensou antropologicamente. A Antropologia é o estudo do homem como ser biológico, social e cultural. Sendo cada uma destas dimensões por si só muito ampla, o conhecimento antropológico geralmente é organizado em áreas que indicam uma escolha prévia de certos aspectos a serem privilegiados como a “Antropologia Física ou Biológica” (aspectos genéticos e biológicos do homem), “Antropologia Social” (organização social e política, parentesco, instituições sociais), “Antropologia Cultural” (sistemas simbólicos, religião, comportamento) e “Arqueologia” (condições de existência dos grupos humanos desaparecidos). Além disso podemos utilizar termos como Antropologia, Etnologia e Etnografia para distinguir diferentes níveis de análise ou tradições acadêmicas.

Para o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1970:377) a etnografia corresponde “aos primeiros estágios da pesquisa: observação e descrição, trabalho de campo”. A etnologia, com relação à etnografia, seria “um primeiro passo em direção à síntese” e a antropologia “uma segunda e última etapa da síntese, tomando por base as conclusões da etnografia e da etnologia”.

Qualquer que seja a definição adotada é possível entender a antropologia como uma forma de conhecimento sobre a diversidade cultural, isto é, a busca de respostas para entendermos o que somos a partir do espelho fornecido pelo “Outro”; uma maneira de se situar na fronteira de vários mundos sociais e culturais, abrindo janelas entre eles, através das quais podemos alargar nossas possibilidades de sentir, agir e refletir sobre o que, afinal de contas, nos torna seres singulares, humanos.


Primórdios
Homero, Hesíodo e os Filósofos Pré-socráticos já se questionavam a respeito do impacto das relações sociais sobre o comportamento humano;
Ou vendo este impacto como consequência dos caprichos dos deuses, como enumera
a Odisseia de Homero
e a Teogonia de Hesíodo,
Ou como construções racionais, valorizando muito mais a apreensão da realidade no dia a dia da experiência humana, como preferiam os Filósofos Pré-socráticos.
Foi, sem dúvida, na Antiguidade Clássica que a "medida Humana" se evidenciou como centro da discussão acerca do mundo.
Os gregos deixaram inúmeros registros e relatos acerca de culturas diferentes das suas, assim como os chineses e os romanos. Nestes textos nascia, por assim dizer, a Antropologia, e no século V a.C. um exemplo disto se revela na obra de Heródoto, que descreveu minuciosamente as culturas com as quais seu povo se relacionava.
Da contribuição grega fazem parte também as obras de
Aristóteles (acerca das cidades gregas)
e as de Xenofonte (a respeito da Índia).

Entre os romanos merece destaque o poeta Lucrécio, que tentou investigar as origens da religião, das artes e se ocupou da discurso.
Outro romano, Tácito analisou a vida das tribos germânicas, baseando-se nos relatos dos soldados e viajantes.
Salienta o vigor dos germanos em contraste com os romanos da sua época. Agostinho, um dos pilares teológicos do Catolicismo, descreveu as civilizações greco-romanas "pagãs", vistas como moralmente "inferiores" às sociedades cristianizadas.
Em sua obra já discutia, de maneira pouco elaborada, a possibilidade do "tabu do incesto" funcionar como norma social, garantia da coesão da sociedade.
É importante salientar que Agostinho, no entanto, privilegiou explicações sobrenaturais para a vida sociocultural.

Embora não existisse como disciplina específica, o saber antropológico participou das discussões da Filosofia, ao longo dos séculos.
Durante a Idade Média muitos escritos contribuíram para a formação de um pensamento racional, aplicado ao estudo da experiência humana, como fez o administrador francês Jean Bodin, estudioso dos costumes dos povos conquistados, que buscava, em sua análise, explicações para as dificuldades que os franceses tinham em administrar esses povos.
Com o advento do movimento iluminista, este saber foi estruturado em dois núcleos analíticos:
a Antropologia Biológica (ou Física), de modo geral considerada ciência natural,
e a Antropologia Cultural, classificada como ciência social.


O século XVIIIAté o século XVIII 
O saber antropológico esteve presente na contribuição dos cronistas, viajantes, soldados, missionários e comerciantes que discutiam, em relação aos povos que conheciam, a maneira como estes viviam a sua
condição humana,
cultivavam seus hábitos,
normas,
características,
interpretavam os seus mitos,
os seus rituais,
a sua linguagem.

Só no século XVIII, a Antropologia adquire a categoria de ciência, partindo das classificações de Carlos Lineu e tendo como objeto a análise das "raças humanas".

O legado desta época foram os textos que descreviam as terras, a (Fauna, a Flora, a Topografia) e os povos "descobertos" (Hábitos e Crenças).
Algumas obras que falavam dos indígenas brasileiros, por exemplo, foram:

a carta de Pero Vaz de Caminha ("Carta do Descobrimento do Brasil"),
os relatos de Hans Staden, "Duas Viagens ao Brasil",
os registros de Jean de Léry, a "Viagem a Terra do Brasil",
e a obra de Jean Baptiste Debret, a "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. Além destas, outras obras falavam ainda das terras recém-descobertas, como a carta de Colombo aos Reis Católicos.
Toda esta produção escrita levantou uma grande polémica acerca dos indígenas.
A contribuição dos missionários jesuítas na América (como Bartolomeu de Las Casas e Padre Acosta) ajudaram a desenvolver a denominada
"teoria do bom selvagem", que via os índios como detentores de uma natureza moral pura, modelo que devia ser assimilado pelos ocidentais.
Esta teoria defendia a ideia de que cultura mais próxima do estado "natural" serviria de remédio aos males da civilização.


O século XIX
Por volta de 1840, Boucher de Perthes utiliza o termo homem pré-histórico para discutir como seria sua vida cotidiana, a partir de achados arqueológicos, como utensílios de pedra, cuja idade se estimava bastante remota. Posteriormente, em 1865, John Lubock reavaliou numerosos dados acerca da Cultura da Idade da Pedra e compilou uma classificação em que enumerava as diferenças culturais entre o Paleolítico e Neolítico.

Com a publicação de dois livros, A Origem das Espécies, em 1859
e A descendência do homem, em 1871, Charles Darwin principia a sistematização da teoria evolucionista.
Partindo da discussão trazida à tona por estes pesquisadores, nascia a Antropologia Biológica ou Antropologia Física

http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia

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